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RECICLAGEM NO BRASIL

Problema com lixo em Brasilia.

Com Lixão fechado, reciclagem e condições de trabalho ainda são desafios! Confira na reportagem feita pelo Correio Brasiliense


Depois de quase dois meses do fechamento do lixão, órgãos de fiscalização do constataram que o local não tem recebido apenas rejeitos da construção civil, como determinado. No novo aterro, em Samambaia ocorre o mesmo problema.
 
Após quase dois meses do fechamento do Aterro do Jóquei, conhecido como Lixão da Estrutural, órgãos de fiscalização do Distrito Federal constataram entrada irregular de resíduos no local. Desde o fim de janeiro, o lixão deveria receber apenas rejeitos da construção civil. Além disso, os fiscais encontraram material reciclável no Aterro Sanitário de Brasília, em Samambaia, construído para receber lixo domiciliar, e flagrou catadores sem equipamento adequado em um dos galpões de triagem.  
 
As falhas foram encontradas em apenas duas visitas surpresas, realizadas em 2 de março e na última quarta-feira (14/3). A fiscalização partiu de um grupo interinstitucional do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), do Ministério Público do Trabalho (MPT), e do MP de Contas do DF, além da Defensoria Pública. Os órgãos formaram as equiApóspes para fiscalizar a destinação dos resíduos sólidos da capital, a coleta seletiva de lixo e as condições de trabalho dos catadores.  
 
Após o fechamento do Lixão da Estrutural, em 20 de janeiro, os cerca de 2 mil catadores do local foram realocados para cinco galpões de triagem, com capacidade para até 1,3 mil trabalhadores, localizados no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA), no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN) e em Ceilândia. No do SCIA, o grupo de fiscalização encontrou os funcionários sem equipamento de proteção individual (EPI), além da falta de esteiras e prensas para trabalhar.  
 
O diretor técnico do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Paulo Celso dos Reis, afirma que os trabalhadores atuam nessas condições por questões contratuais. “Como as cooperativas ainda não receberam o pagamento do contrato com o SLU, ainda não conseguiram prestar contas e comprar os EPI”, afirma. “Apenas alguns deles estão sem equipamento. Mas todos têm luvas e sapatos e alguns estão sem óculos ou camisa do uniforme. Vamos lembrar que, há menos de 50 dias, essas pessoas estavam no Lixão”, comenta. De acordo com o diretor-técnico, os galpões ainda estão em período de transição e em até seis meses a situação será regularizada.  
 
Em relação aos resíduos irregulares no aterro e no lixão, Paulo ressalta que eles se misturam com outros antes de chegarem ao destino final. “O lixão está fechado para entrada de resíduos domiciliares. O que acontece é que, muitas vezes, algumas caçambas vêm infectadas com esses materiais. Nenhum caminhão do SLU com esse tipo de coleta entra ali”, esclarece. No aterro, Paulo diz que a situação é a mesma. “Esses rejeitos vão no meio da coleta convencional. Cerca de 40% do lixo de Brasília não passa por nenhuma unidade de tratamento”, destaca. 
 
 
Catadores reclamam de condições de trabalho
 
As divergências entre catadores e o SLU continua. De um lado, as cooperativas responsáveis pelos galpões de triagem reclamam que ainda não há material reciclável suficiente para os catadores formarem uma renda. Do outro, a autarquia garante que os resíduos reaproveitáveis conseguem suprir a demanda.  
 
No Lixão da Estrutural, trabalhavam cerca de 2 mil catadores. O SLU disponibilizou 1,3 mil vagas para eles nos galpões. Dessas, pouco mais de 600 estão ocupadas. A presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), Aline de Sousa da Silva, explica que isso ocorre pela falta de material. “Desde que começamos nos depósitos, a situação melhorou um pouco. Porém, os resíduos que chegam ainda são de má qualidade”, frisa. Sobre os 1,4 mil profissionais restantes, Aline ressalta que, agora, eles passaram a catar lixo de forma independente nas ruas do DF. 
 
 
Paulo Celso dos Reis, do SLU, afirma que o material que chega está acima da média prevista, que era de 70 quilos por catador ao dia. “O local com menor quantidade de chegada recebe 150 quilos diariamente e alguns conseguem até 300 quilos”, analisa. Ele ressalta que, com a bolsa-auxílio do governo, os trabalhadores podem conseguir tirar até R$ 1,2 mil mensais. Cada catador cadastrado no SLU recebe bolsa mensal de R$ 360,75, por seis meses. Também tem direito a ganhar R$ 300 a cada tonelada reciclada. Desse valor é descontado o custo da cooperativa.  
 
Especialista defende aprimoramento do manuseio
 
Para o especialista em meio ambiente e professor do Centro Universitário Iesb Luiz Fernando Ferreira, o DF está atrasado em relação a manuseio de lixo. Segundo o estudioso, a mistura de resíduo domiciliar com material da construção civil também é prejudicial ao meio ambiente. “Outros estados, como São Paulo, conseguem triturar esse tipo de rejeito e dar um novo destino a ele, como a produção de tijolos, telhas e blocos de concreto”, orienta.  
 
Sobre a entrada de material reciclável no Aterro Sanitário de Brasília, o professor alerta que essa ação pode diminuir a vida útil do lugar, que é de 13 anos. “É preciso instalar um sistema eficaz de coleta seletiva na capital e atender todas as regiões”, afirma. Hoje, 53% do DF tem coleta seletiva. O SLU garante que, até o fim do ano, todas as regiões administrativas serão contempladas pelo serviço.  
 
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